Noite de Liberdade

7 fev

Onze e meia. O barulho das chaves ao cairem no balcão avisa que ela chegou em casa. Cansada demais para colocar o macarrão para ferver, ela vai direto para o banho. Despindo-se no corredor, sente um ar gélido passando pelo seu corpo. Após alguns minutos encarando seus olhos no espelho, ela ergue os braços e prende suas longas madeixas deixando alguns fios caírem em seus ombros. A água está quente e vai de encontro com sua nuca, ela não pensa em nada. Apenas fixa seu olhar no chão observado a espuma diluir e lentamente desaparecer.
Meia noite. Ela acende a luz da cozinha e dirige-se ao balcão onde está uma taça de vinho a sua espera ao lado de uma foto. Ela olha para o pequeno porta-retrato e dá um tímido sorriso. Após a segunda taça percebe que o sono vem ao seu encontro.
Com as janelas entreabertas ela consegue ver a Lua. Traça seus planos para o próximo dia logo, seus pensamentos tomam distância e vão para longe, além de sua imaginação. Ela aperta o travesseiro contra seu peito e encolhe suas longas pernas permanecendo em posição fetal. De repende, sente um vazio dentro de si. Deseja que algúem a conforte e a proteja. Deseja alguém que sussurre em seu ouvido e beije seu pescoço. Este pensamento logo se esvai. Ela pensa em seus planos, seus roteiros de viagens enfim, sua liberdade.
Tem sede de conhecimento e sabe que não precisa de alguém ao seu lado para fazê-la feliz. Lembra da foto que se encontrava ao lado da taça de vinho que ela toma todas as noites. Uma de suas melhores viagens. Ela numa produção de vinhos, pisando nas uvas e rindo.
Ela afunda sua cabeça no travesseiro, dá um longo suspiro e fecha os olhos, mas antes abre um longo e sincero sorriso.
Esta noite ela sabe que vai sonhar com sua próxima aventura que a deixará feliz e realizada.

Por Marjorie Okuyama

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